quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Cardeal recorda importância de gestos concretos de solidariedade

O gesto concreto de amor de Jesus no episódio da cura do leproso, relatado no evangelho de domingo passado, testemunha que se deve viver a solidariedade com os outros, afirma o arcebispo de Salvador (Brasil).O cardeal Geraldo M. Agnelo destaca –em artigo enviado a Zenit ontem– que o evento em que Jesus encontra um leproso, cura-o e o restitui à sociedade é uma «situação de 2000 anos passados» que «não perdeu a sua atualidade e nos rodeia».«O gesto de Jesus é simples. Enviado a revelar à humanidade o amor que o Pai celeste nutre pelas pessoas, deixa transparecer concretamente este amor: comove-se diante de um leproso, cura-o», destaca.Segundo o arcebispo de Salvador, são três os apelos que chegam aos cristãos de hoje, desde a cura operada por Jesus.«Primeiramente, tenhamos presente que a lepra e tantos problemas na nossa sociedade não foram ainda resolvidos. As estatísticas revelam um dado desconcertante, mas apenas constatado: não obstante o empenho de muitos que a combatem, o número de doentes no mundo continua a crescer», afirma. «Como continuam a aumentar os que sofrem a fome», afirma o cardeal. «Os dois fenômenos resultam muitas vezes ligados entre si. Hoje, se sabe que o contágio da lepra é muito raro. Mas de fato a pobreza, a falta de higiene, a desnutrição, a ignorância das normas de prevenção, favorecem ainda a difusão do mal».Segundo Dom Geraldo Agnelo ainda existe uma mentalidade que não ajuda a cura. «Alguns, por motivos religiosos, pensam que os leprosos merecem a lepra, que devem descontar nesta vida o mal que fizeram.»«Pensam que é justo os leprosos terem o seu mal, que não há necessidade de curá-los. Devem descontar. É um pensamento cômodo, consente em desinteressar-se dos outros», considera.Em segundo lugar –prossegue o arcebispo–, «a nossa sociedade exclui pessoas que não lhe interessam, persegue-as, quando não as desfruta».«A crônica jornalística está cheia de acontecimentos dolorosos desses nossos irmãos em Cristo, que o Cristo os tiraria de sua abjeção, que hoje recebem dos que seguem a mentalidade e as opiniões políticas e sociais dominantes, sobretudo, desprezo e condenação.»O arcebispo destaca então o apelo à solidariedade. «Precisamos da intervenção de Cristo, o salvador, que nos cure interiormente, nos converta, e talvez então encontraremos a força e a alegria de ajudar os outros e de viver a solidariedade com os outros».