sábado, 18 de julho de 2009

Lugar deserto

Jesus convida os discípulos para irem com ele a um lugar deserto para descansarem (Cf. Mc 6, 31). O povo era como ovelhas sem pastor. O trabalho no meio dele era intenso. Sem o descanso, seria difícil levar a efeito a missão de orientá-lo.O pastoreio requer energia suficiente. O desafio do Mestre é grande e exigente. Deve-se estar disposto a enfrentar a dureza da missão e as oposições, como também ter discernimento para conduzir com sabedoria o povo. A preparação para isso exige conversão, boa vontade, despojamento, ideal e verdadeiro amor a Deus, às pessoas e comunidades. Não basta um diploma ou uma tintura de Bíblia e oratória. É preciso haver obediência ao projeto de Deus, espírito de sacrifício, doação de si e fé esclarecida. O testemunho de vida coerente com o Evangelho, o espírito de comunhão e pertença à Igreja e fidelidade ao ensinamento apostólico são requisitos básicos para a missão do pastoreio.Pessoas simples, com as conotações acima, muitas vezes dão exemplo de ajuda ao pastoreio de Cristo. Quantas comunidades são sustentadas com elas!Por outro lado, o pastoreio do povo é lembrado pelo profeta Jeremias como sendo também o da liderança de quem detém o serviço público civil. Este recebe o poder para servir a comunidade e não se servir dela. Hoje as palavras do profeta têm muito a ver com a nossa realidade. A política deve ser um serviço de fundamental importância para a sociedade contemporânea. Frequentemente é usada para interesses de quem financia as campanhas eleitorais e grupos que assumem o poder, com expressiva falta de ética e de respeito ao sacrossanto direito do povo em obter justiça e cidadania. Valem as palavras do profeta: "Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem, diz o Senhor!" (Jr 23, 1).Todos somos responsáveis pela eleição de bons políticos e todos os que realizam o serviço público. Os mandatários de toda ordem deveriam ter consciência de suas funções de servirem e não procurarem vantagens econômicas acima de parâmetros que não podem ser eles mesmos que determinem! A falta de ética e moral começa a partir de quem legisla em benefício da causa própria.A paz, tão almejada por todos, depende da justiça implantada no convívio humano. Um mundo tão cheio de agressão à vida, à dignidade humana, à família, às crianças, aos indefesos e ao meio ambiente, poderá ser melhorado a partir da consciência do amor misericordioso de Deus e vivido por todos. Os pastores do povo são os primeiros responsáveis por desenvolverem políticas públicas de inclusão e justiça: "Suscitarei para elas novos pastores que as apascentem; não sofrerão mais o medo e a angústia, nenhuma delas se perderá, diz o Senhor" (Jr 23, 4).

Dom José Alberto Moura
Fonte CNBB

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