terça-feira, 24 de março de 2009

Bento XVI: Jesus mostra ao enfermo seu lugar no coração de Deus

«Jesus Cristo revela aos enfermos o lugar que estes têm no coração de Deus e na sociedade»: assim afirmou o Papa Bento XVI em seu encontro esta tarde com os enfermos do Centro para Deficientes «Cardeal Paul Emile Léger» de Yaoundé (Camarões), neste terceiro dia de sua viagem apostólica à África. O Papa se dirigiu aos enfermos e equipe do centro, uma instituição de saúde destinada à reabilitação de deficientes, fundada em 1972 pelo purpurado canadense do qual recebe o nome. Dirigiu-se especialmente «àqueles que trazem em sua carne os sinais das violências e das guerras. Penso também em todos os doentes e de modo especial aqui, na África, naqueles que são vítimas de doenças como a AIDS, a malária e a tuberculose». «Sei que, junto de vós, a Igreja Católica está fortemente empenhada numa luta eficaz contra estes terríveis flagelos, encorajando a prosseguir com determinação nesta obra urgente.»Diante deles, o Papa dedicou seu discurso a falar sobre o sentido do sofrimento humano: «diante do sofrimento, da doença e da morte, o homem é tentado a gritar sob o efeito da dor – afirmou. Quando a nossa condição se degrada, aumenta a angústia; alguns são tentados a duvidar da presença de Deus na sua vida».«Na presença de sofrimentos atrozes, sentimo-nos inaptos e não encontramos as palavras justas. Diante de um irmão ou uma irmã imersos no mistério da Cruz, o silêncio respeitoso e compassivo, a nossa presença assistida pela oração, um gesto de ternura e conforto, um olhar, um sorriso, podem fazer mais do que muitos discursos.»Neste sentido, o Papa recordou a figura de Simão de Cirene, de quem os Evangelhos relatam que foi obrigado a levar a cruz de Jesus pelos soldados romanos no caminho do Calvário. O Cirineu «era africano», recordou o Papa, e «este homem, se bem que involuntariamente, veio em ajuda do Homem das dores, abandonado por todos os seus e entregue a uma violência cega». «A história recorda que um africano, um filho do vosso continente, participou, com o seu próprio sofrimento, da pena infinita d’Aquele que redimiu todos os homens, incluindo os seus perseguidores», observou. Simão de Cirene «não podia saber que tinha diante dos olhos o seu Salvador», explica o Papa. «Foi ‘requisitado’ para O ajudar (Mc 15, 21); foi constrangido, forçado a fazê-lo. É difícil aceitar carregar a cruz de outrem. Só depois da ressurreição é que ele pôde compreender o que tinha feito.»«O mesmo se passa com cada um de nós, irmãos e irmãs: no âmago do desespero, da revolta, Cristo propõe-nos a sua presença amorosa, ainda que tenhamos dificuldade em compreender que Ele está ao nosso lado. Só a vitória final do Senhor nos desvendará o sentido definitivo das nossas provas», acrescentou o Papa. «Fixemos o nosso olhar no Crucificado, com fé e coragem, porque d’Ele nos vem a Vida, o conforto, a cura. Saibamos olhar para Aquele que quer o nosso bem e sabe enxugar as lágrimas dos nossos olhos; saibamos abandonar-nos nos seus braços como uma criança nos braços da mãe.»O Papa pediu aos presentes que «saibam reconhecer este Simão de Cirene» em «todo africano e toda pessoa que sofre e que ajuda Cristo a levar sua cruz, subindo com Ele o Gólgota, para ressuscitar um dia com Ele». Dirigiu-se também à equipe de saúde do centro, e recordou que compete a eles «realizar tudo o que é legítimo para aliviar a dor; cabe-vos em primeiro lugar proteger as vidas humanas, ser os defensores da vida desde a sua concepção até ao seu término natural». «Para todo homem, o respeito da vida é um direito e ao mesmo tempo um dever, porque cada vida é um dom de Deus», acrescentou. Antes de despedir-se dos presentes, o Papa desejou «que nenhum de vós jamais se sinta sozinho. Na verdade, compete a todo o homem, criado à imagem de Cristo, fazer-se próximo do seu vizinho».

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