domingo, 14 de junho de 2009

O Eterno Feminino

Houve uma notícia que, à primeira vista, parece ter chamuscado, de leve, a grande fama de homem íntegro e reto, de João Paulo II. Espalhou-se a notícia, com o poder de um raio, de que o maior Papa dos últimos séculos, teria mantido uma correspondência, de várias décadas, com uma psiquiatra, conhecida em tempos de juventude. Segundo afirmações da comissão, que estuda o caminho de beatificação do Pontífice Woytila, tal epistolário não contém nada que pudesse, nem de leve, derrubar a fama de santidade, do ilustre sucessor de Pedro. Penso que a análise dessas cartas virá a confirmar o equilíbrio psicológico, a normalidade de sua personalidade, e o profundo amor a Deus e ao próximo de que era possuído o seu coração. Isso me fez lembrar que a amizade espiritual de um Santo com uma Santa, não é acontecimento tão raro. Basta lembrar a profunda amizade reinante entre São Francisco e Santa Clara; entre São Bento e Santa Escolástica; e mesmo entre Jesus e Santa Maria Madalena. Ou nos tempos atuais, a profunda simbiose de espiritualidade entre o maior teólogo do século XX Hans Urs von Balthasar e Adrienne von Speyr. É importante lembrar que em todas estas amizades, nada havia de carnal ou genital. Tratava-se de um crescimento recíproco no mais elevado nível. Tais afinidades, em vez de estorvar, aprofundavam os mais nobres ideais.
Qualquer Sacerdote, que busca a santidade de vida, poderia dizer com segurança, que as mulheres ajudam na realização vocacional, em vez de estorvar. O feminino, diante do masculino, é um mistério do tamanho de uma abismo. Chega a se tornar uma via de acesso ao mistério divino. “Ele os criou homem e mulher” (Gen 1,27). Os dois, por serem um enigma, surgem polarizados, forçados a permanentes transições. Procuram no outro pólo o seu sossego, o seu complemento e a sua inspiração. O ser humano só pode ser homem ou mulher. E o é desde a altura do espírito até as células de seu corpo. O homem é a palavra, a iniciativa. A mulher é a resposta, o estímulo, o fruto comum. Só o ser humano, dentro da natureza, é imagem e semelhança de Deus. Os dois não são chamados a se apoderarem um do outro, ou se defrontarem. Mas para olharem, a dois, para o infinito de seus ideais. Eis um dos grandes mistérios da obra divina. Apenas o pecado pode neutralizar essa beleza da criação.

Dom Aloísio Roque Oppermann
Fonte CNBB

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