sábado, 3 de outubro de 2009

Pétalas de uma Rosa chamada Teresinha

A Santa dos Teólogos
Por seu lado, os grandes teólogos do nosso século procuram aprofundar os ensinamentos de Santa Teresa, à primeira vista distantes de qualquer reflexão sistemática. Um desses teólogos, Conrad de Maester, fez a sua tese de doutorado sobre Teresa de Lisieux, a que deu o nome de "As mãos vazias". Ele que presidiu a comissão de teólogos que preparou a tese que levou Santa Teresinha a ser proclamada doutora da Igreja. Foi a terceira mulher a receber essa distinção, depois de Teresa de Ávila e Catarina de Sena. Em Portugal, já em 1935, a lista de campanha dos subscritores a favor da atribuição do título de "Doutora da Igreja" a Santa Teresinha atingia os 57.000.

Teresa de Lisieux tem um corpo doutrinal com mais de mil páginas escritas, formado pela "História de uma alma", cartas, poesias, manuscritos autobiográficos, orações, últimas conversas, etc. Nas últimas décadas, os teólogos têm estudado bastante este corpo doutrinal e reconhecem que Teresa de Lisieux foi uma figura inovadora que se antecipou ao Vaticano II. Só assim se compreende que este concílio em nada tenha afetado a popularidade e a influência de Santa Teresinha. As suas intuições teológicas enquadram-se efetivamente na doutrina mais pura do Vaticano II: a centralidade do amor, o sentido profundo do sofrimento, a obscuridade luminosa da fé, o caminho da infância espiritual, o abismo insondável da misericórdia do Senhor, a dimensão apostólica do amor, o valor da pobreza evangélica, a santidade como comunhão com Deus, o abandono confiante à misericórdia divina, a oração como experiência do Senhor em todas as circunstâncias, o amor de Deus como caridade para com os outros, a abnegação evangélica nas coisas simples de cada dia. É todo um compêndido de teologia e espiritualidade que percorre a sua vida e os seus escritos. Os teólogos e os autores de espiritualidade descobriram nela um retorno ao evangelho e aos valores profundos da vida cristã.

Fonte: A. Torres Neiva, publicado em L'Osservatore Romano, edição portuguesa, n. 38, no dia 20 de setembro de 1997.

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