sábado, 26 de junho de 2010

A coragem de João

Leio no Evangelho de Marcos: “João dizia a Herodes que não era lícito ter a mulher do próprio irmão” (Mc 6, 18). Qual a conseqüência? Herodes mandou degolar João!

O Batista sabia do perigo, mas arriscou a vida por uma causa nobre. Parece o eco do conselho de Deus a Josué, sucessor de Moises como guia do povo de Deus rumo à terra prometida: “Coragem e sê valente” (Js 1, 9).

Magnífico também o exemplo de Maria de Nazaré: Após o anúncio do Anjo Gabriel, “Maria se levantou e se dirigiu apressadamente à serra, a um povoado da Judéia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel” (Lc 1, 39-40). Maria superou o egoísmo e foi ajudar a prima Isabel, pois o menino João estava para nascer.

Minha avó paterna foi à roça nas montanhas, devendo atravessar um mato fechado. Eu era pequeno. Pedi à mãe licença para acompanhar a avó. A mãe achava perigoso o trecho. Minha avó respondeu: “Quando um netinho me acompanha eu me sinto forte, sem medo. Arrisco minha vida pelo pequeno”. Coragem é isto! É o contrário de covardia, de medo. Pois o medo é egoísta, paralisa a pessoa. A covardia é egoísta, pusilâmine. Já o poeta português dizia: “Tudo é grande, se a alma não é pequena”. Pusilâmine é isto: a alma pequena.

A coragem ou virtude da fortaleza, no dizer do Catecismo católico: “é a virtude moral que dá segurança nas dificuldades, firmeza e constância na procura do bem” (nº 1808).

Hilde Damin descreve a coragem como a virtude que “impede o estrangulamento da consciência”. Isto é, supera o medo, que normalmente sentimos, para agir conforme a consciência de maneira firme e inabalável.

É o contrário de alma pequena. É a pessoa de alma forte, que se esforça para agir bem e manter-se alegre. É o que Maria fez nas montanhas da Galiléia. “A minha alma engrandece ao Senhor, e se alegra o meu espírito em Deus, meu Salvador” (Lc 1, 46).

Por ocasião da festa de São João Batista, somos convidados a imitá-lo na fidelidade à missão e na coragem: “Sê forte e corajoso”. Nada de alma pequena. Renovamos, cada qual segundo sua vocação, nossa dedicação a causas nobres, pela família, pelo próximo, pela solidariedade, pela vitória do amor, pela paz, pela fé em Deus.

Dom Aloísio Sinésio Bohn

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